Participação no curso de Aperfeiçoamento Psicologia Escolar e Educacional: Formação continuada em rede na Grande Dourados/MS

25/08/2020 15:54

A professora Lígia Feitosa, integrante do LAPEE, conduzirá a palestra “Psicologia Escolar – que identidade é esta?” na II Reunião de Rede de Psicólogas(os) Educacionais e Escolares da Região da Grande Dourados.

O encontro online será no dia 28 de agosto, às 10h, transmitido pela plataforma Meet.

Esta atividade integra o Curso de Aperfeiçoamento Psicologia Escolar e Educacional: formação continuada em rede na Grande Dourados/MS, direcionado a psicólogas(os) escolares e educacionais institucionalmente vinculados às redes municipais, estadual e federal de ensino em Mato Grosso do Sul, promovido pela parceria do Grupo de Pesquisa em Psicologia, Educação e Trabalho: inclusão em diferentes contextos (GEPETIN_contextos CNPq/UFGD) e do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Humano e Educação Especial (CNPq/UFMS).

#ficaadica #LAPEE #UFSC

Semanas Acadêmicas de Psicologia

25/08/2020 15:47

Dia 27 de agosto comemoramos o dia da/o Psicóloga/o.

A semana está recheada de atividades online que debatem as diversas áreas e campos de atuação da profissão.

Pesquisadoras do LAPEE estarão participando de duas Semanas Acadêmicas de Cursos de Psicologia em Santa Catarina.

No dia 26 de agosto, quarta-feira, a professora Raquel de Barros Pinto Miguel estará participando de uma roda de conversa “Mídia, tecnologias digitais e produção de subjetividades”, na Semana Acadêmica do Curso de Psicologia do CESUSC/Florianópolis.

No dia 27 de agosto a professora participará do debate “Atuações em Psicologia”, na IES/Florianópolis.

Ainda no dia 27 de agosto, quinta-feira, a professora Apoliana R. Groff e a psicóloga Juliana Lopes participarão da mesa redonda “Medicalização no contexto da educação”, na Semana Acadêmica do Curso de Psicologia da ACE/Joinville.

As inscrições são gratuitas. Os links serão disponibilizados nos sites das instituições de ensino. Participem!

Trabalho remoto na pandemia

20/08/2020 11:25

Trabalho remoto na pandemia

Carlos José Naujorks

Estamos em um daqueles tempos ambíguos em que, por vivenciarmos uma crise, esperamos alguma mudança. De preferência, para melhor. Não parece ser o caso do trabalho em sua relação com o sujeito. Ou, do sujeito ter no trabalho sua possibilidade de realização. A pandemia do Covid-19 colocou milhares de trabalhadores, de uma hora para outra, frente à necessidade do trabalho remoto. E aquilo que poderia ser uma promessa de maior diversificação e autonomia, tem se mostrado um tormento.

Somos 8,7 milhões de pessoas trabalhando de forma remota no Brasil. Dados do Ipea1 mostram que esse trabalho acontece, em termos proporcionais, majoritariamente no setor público. Nesse setor, em junho, 24,7% dos trabalhadores exerciam trabalho remoto, representando 3 milhões de pessoas. No setor privado, 8%, representando 5,7 milhões de pessoas. No setor público, o equivalente a 50,7% do total de ocupados podem, potencialmente, realizar o trabalho remoto, o que equivale a 6 milhões de trabalhadores. O distanciamento social possibilitado pelo trabalho remoto tem sido uma estratégia fundamental no combate à disseminação do Covid-19. Essa forma de trabalho deve, em grande parte, permanecer mesmo após a pandemia. No entanto, o trabalho remoto nos obrigou, repentinamente, a realizá-lo limitados às condições de infraestrutura que pessoalmente dispomos, a dividir o espaço do trabalho com a família e a vida doméstica e a organizá-lo em um tempo que deixa de ser apenas o tempo do trabalho, mas que é, também, o do cuidado de si, dos filhos e da casa. Essa informação assume maior relevância quando consideramos que o perfil do trabalhador em trabalho remoto é a mulher (branca, com nível superior), entre 30 a 39 anos2.

Além disso, é importante considerar a profunda desigualdade presente no trabalho remoto.  Antes da pandemia, o percentual de pessoas que trabalhavam em casa, no Brasil, era de 4,9% e abrangia majoritariamente trabalhadores autônomos (88,3% do total). Hoje, esse grupo representa menos de 15% do total, sendo a grande maioria composta por gerentes, pessoal administrativo, professores, ou seja, um grupo mais escolarizado e com maior acesso a infraestrutura digital3.

O acompanhamento a trabalhadores, ao longo deste tempo de pandemia, torna possível algumas considerações sobre as características do trabalho nessas condições. Longe de esgotar a diversidade dos aspectos envolvidos, faz-se, aqui, uma breve reflexão sobre seus impactos na relação entre o sujeito e o trabalho.

De forma imediata, pode-se elencar como presente nesse processo as dificuldades em relação ao acesso e ambientação às tecnologias para o trabalho remoto, à necessidade de novas configurações das rotinas de trabalho e, também, à relação estabelecida entre o trabalho e o ambiente doméstico e familiar. Este último aspecto aparece como definidor da relação entre o sujeito e o trabalho. Três aspectos colaboram para isso: o peso das tecnologias instantâneas de comunicação, a interpenetração entre as atividades de trabalho e atividades da vida privada e, por fim, a sobreposição entre distintos papéis sociais.

Muito do trabalho remoto tem se organizado por meio de tecnologias de comunicação que permitem uma resposta quase imediata pelo trabalhador. Isso acontece com o e-mail, as mensagens de texto e, principalmente, com o WhatsApp.  Corresponder a esse imediatismo aparece para o trabalhador, frequentemente, como uma demanda auto imposta. Além disso, as atividades síncronas, como as Webconferências, são realizadas de forma intensa, exigindo, principalmente de quem as coordena, atenção exclusiva, sem a diversidade e a riqueza das relações estabelecidas face-a-face. Isso se agrava quando os temas envolvidos são mais complexos e os elementos expressivos decorrentes da interação imediata são relevantes.

Observa-se, também, que o uso dessas tecnologias acontece intermeado pelas atividades da vida privada. Seu uso corriqueiro praticamente anula as distinções entre a vida doméstica e a vida do trabalho. Não que esses limites não fossem, antes, permeáveis. A distinção espaço-temporal dada pelos horários e ambientes de trabalho, característica da sociedade industrial, permitia uma separação relativamente nítida desses momentos. As tecnologias de comunicação foram aos poucos intensificando as interligações entre um espaço e outro. Agora, com o trabalho remoto, as Webconferências, chats, as mensagens eletrônicas, os contatos via WhatsApp, entre outros, interpenetram e convivem com a família e a vida doméstica. A fragmentação temporal do trabalho o expande, fazendo com que o trabalhador dele se ocupe em momentos que antes eram destinados à família e ao cuidado do cotidiano. Da mesma forma, esses espaços perdem qualidade, na medida em que são, também, divididos com as demandas decorrentes do trabalho. Situações de esgotamento psíquico surgidas nesse contexto começam a ganhar destaque4. Torna-se um desafio, para o trabalhador, estabelecer os limites entre essas esferas e, principalmente, encontrar no cotidiano doméstico os momentos para o trabalho e reorganizar as atividades familiares.

Também, diferente do que acontece agora no trabalho remoto, o ambiente do trabalho restringia, de certa forma, a atuação do sujeito ao desempenho do papel profissional. No ambiente doméstico, outros papeis ganham saliência, principalmente o cuidado dos filhos. Se, no ambiente tradicional de trabalho, havia uma uniformização decorrente das exigências do desempenho do papel, agora a diversidade das situações nas quais está envolvido o sujeito ganha destaque.  Assim, além da pessoa organizar sua dedicação ao trabalho, cabe pensar como serão consideradas suas particularidades.

Se há algo que estes tempos ambíguos podem permitir, é uma desnaturalização da forma como se olha a realidade. E esse pode ser o caso do trabalho. O atual contexto nos permite recolocar o trabalho em relação à nossa vida privada, evidenciado seu significado frente ao sentido que damos para nossa vida familiar, doméstica e intima. Aqui ganha importância os processos de comunicação voltados para o entendimento e a dimensão afetiva das relações profissionais. Se o que percebemos é que os meios tecnológicos que possibilitam o trabalho remoto viabilizam mais a dimensão burocrática das organizações, seus processos e resultados em detrimento do sujeito que trabalha, aparece como desafio pensarmos os espaços de ampliação da participação e de expressão desse sujeito trabalhador.

Uma perspectiva crítica frente ao trabalho e seus processos, que revele seus sentidos para o próprio sujeito e os processos naturalizados pelos quais ele é burocraticamente reproduzido, mais do que um chavão a ser indistintamente usado, torna-se um recurso político e epistêmico fundamental para enfrentar, justamente, aquilo que nos atormenta.

1 – Material disponível em:  https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2020/08/o-teletrabalho-no-setor-publico-e-privado-na-pandemia-potencial-versus-evolucao-e-desagregacao-do-efetivo/ Acesso em 14/08/2020.

2 – Material disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=36288&catid=131

Acesso em 14/08/2020.

3 – Rede de Pesquisa Solidária – Boletim No. 16. 17 de julho de 2020

4 – Alfageme, Ana (2020) O sonho do ‘home office’ vira pesadelo na pandemia.  Material disponível em: https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-08-09/o-teletrabalho-nao-era-isto.html. Acesso em 14/08/2020.

Primeiro encontro do Curso de Extensão: “Psicologia, Interseccionalidade e Contextos Educativos”

19/08/2020 11:35

Iniciamos em 18 de agosto o curso de extensão “Psicologia, interseccionalidade e contextos educativos”.

Este curso visa aquecer e preparar a equipe do LAPEE para elaboração e oferta, em 2021, do Curso Formação Continuada “Psicologia Escolar e Educacional na Contemporaneidade”, que terá como público alvo Psicólogos/as que atuam em contexto educativos e de escolarização em Santa Catarina.

O tema debatido no primeiro encontro foi “Epistemologia feminista negra e interseccionalidade” com a palestrante convidada a professora Dra. Halina Leal.

Esta atividade está vinculada ao Projeto de Extensão “Formação continuada: atuação da psicologia em contextos educativos e de escolarização”.

Livro: “Vigotsky no Ensino Superior: concepção e práticas de inclusão”

11/08/2020 11:07

A dica dessa quinzena é o livro “Vigotski no Ensino Superior: concepção e práticas de inclusão”, organizado por Paula Maria Ferreira de Faria, Denise de Camargo e Ana Carolina Lopes Venâncio e publicado pela Editora Fi. São 10 capítulos que discutem várias facetas do Ensino Superior utilizando a Psicologia Histórico-Cultural como escopo teórico. O acesso ao livro online é liberado (open acess) e pode ser feito pelo link: https://www.editorafi.org/731vigotski

Pandemia, alteridade e educação

03/08/2020 21:05

Pandemia, alteridade e educação

Apoliana Regina Groff

Ofereço neste breve ensaio, sentipensares de um corpo docente pandêmico. Um corpo que possui privilégios que possibilitam certo distanciamento do encontro com o vírus, mas que não está imune aos efeitos e aos afetos provocados pela pandemia. Você poderia perguntar: mas alguém está imune? Estar imune significa, nesta escrita, possuir um corpo com mecanismos de defesa aos impactos coletivos da pandemia; um corpo que não é atingido ou afetado, apesar de estar dentro dela. Um corpo imune, é um corpo ensimesmado, não alterado em suas formas de sentir, pensar e agir mesmo diante de uma situação nunca vivenciada. Um corpo que toca a vida como se as mais de 90 mil mortes não estivessem aí, pois seu corpo e condição de vida, são usadas como referenciais para olhar a existência coletiva. Com isso, se torna um corpo alheio ao outro e ao que tem acontecido para além de sua bolha. Deste modo, sem o encontro com os afetos da morte-vida pandêmica, muitos corpos tem se tornado imunes a ela.

Mas é possível um corpo estar imune ao que está acontecendo em nosso país? Nos termos acima, sinto que sim e não se trata de uma ficção episódica da série “Black Mirror”. Trata-se de corpos que vivem ao nosso lado, perto ou distantes, (des)conhecidos, mas que de forma forte ou tímida, expressam sua imunização. Por isso, sinto que existem sim muitos corpos imunes a pandemia. Não ao vírus, mas ao que a pandemia tem escancarado e produzido. Mas falo aqui de corpos que há muito mais tempo já são imunes e blindados às mazelas da pobreza, às dores das opressões e violências que afetam dia após dia milhares de corpos em nosso país. Corpos imunes, corpos intactos cuja segurança de elite os possibilita observar a pandemia apenas como uma situação momentânea de incerteza econômica, preocupação com a própria saúde ou mesmo como uma oportunidade.

No entanto, em nosso país, a insegurança diante da vida não é uma história de exceção iniciada com a pandemia. Para os corpos marcados pelas desigualdades e opressões de classe, gênero e raça, o que existe é uma vida inteira de inseguranças: desemprego, baixa renda, falta de acesso a saúde, violência doméstica, desesperança e medo. Para estes corpos, já brutalmente violentados e negados em seus direitos, a morte tem chegado em elevados números na pandemia, mas também antes dela quando falamos de corpos jovens negros. Mortes anunciadas, antes e durante a pandemia!

A imunidade aos efeitos coletivos da pandemia, neste sentido, é fortalecida com doses diárias de racismo, negacionismo e obscurantismo, permitindo que milhares de corpos e suas histórias, sejam apenas estatísticas no gráfico da morte; corpos sem nome apagados da história de um país já sem memória. Estas imunidades ou privilégios estruturais, permitem a determinados corpos permanecerem intactos as opressões, violências e a própria pandemia e a aceitarem que em um país desigual como o nosso seja possível cada qual cuidar de si, desde que o “deus capital esteja acima de tudo” – sem que isto não seja considerado uma política de morte. Corpos imunes tomam para si de forma inquestionável a palavra de ordem “fique em casa”. Um tipo de enunciado que lança para cada um(a) individualmente a responsabilidade pelo seu distanciamento do vírus. Corpos imunes a pandemia abraçam esta regra de isolamento na certeza de que sua parte estão fazendo. O que é também correto e necessário. Contudo, o cuidado de si individualista, tem distanciado estes corpos não só do vírus, mas também os tornado imunes e insensíveis a pandemia. Estamos diante da tentativa de instituir a gestão da “nova normalidade”. Ordem e progresso tem caminhado de mãos dadas com as supostas oportunidades geradas pela pandemia. Oportunidade + criatividade + esforço, enquanto tratamos de conviver com mais de mil mortes diárias, mais de 90 mil mortes em cinco meses. Alguns dizem: pessoas morrem todos os dias. Verdade. Mas em um país brutalmente desigual, quantas mortes, não só as por covid, poderiam ser evitadas?

Dia a dia diferentes instituições, entre elas as educativas, tem buscado formas de configurar uma “nova normalidade”. Já se passaram cinco meses, precisamos fazer alguma coisa, dizem. Uma volta a segurança que tinham e que é perspectivada, sobretudo, pelos corpos que possuem trabalho com boa remuneração, acesso à educação pública ou paga, moradia e boa alimentação. Algo precisa ser feito, reorganizado, não podemos parar a vida, ouço. Cinco, sete, oito meses parece muito quando se está vivo. Tempo de espera demasiado para os corpos que veem a vida como algo que deve caminhar para frente, pois a permanência em estado de espera produz desconforto, instabilidade, sensação de improdutividade e de dívida com o mundo do trabalho e dos estudos. “Não pense na pandemia, trabalhe e estude” – um déjà vu de muito mau gosto para os corpos não imunizados.

Uma pergunta tem ecoado: sairemos melhores desta pandemia? Esta pergunta coloca este corpo docente a pensar que se trata de uma pergunta atrelada à respostas que a educação poderia dar. Por este motivo, talvez a questão certeira seria: o que temos aprendido com a pandemia? Quais aprendizagens se vinculam às experiências da alteridade?

Para um corpo não imune, não é possível cuidar de si sem cuidar do outro e do mundo que vivemos. A questão é: conseguiremos encontrar, em algum momento desta pandemia, um sentido ético do cuidar coletivo similar ao já aprendido com a luta feminista quando gritam “nenhuma a menos”? Qual o papel da educação na construção desta ética do cuidado? Encontraremos um sentido para continuar ensinando e aprendendo durante a pandemia? Se encontrarmos este sentido e responsabilidade coletiva, talvez possamos sair um pouco melhores desta situação. Porém, não só a pandemia, mas também o pandemônio propiciado pelo sistema capitalista, racista e sexista, precisa ser igualmente enfrentado. E este corpo docente deseja profundamente que possamos criar uma potência intelectual, afetiva e política que nos permita aprender juntos(as) a ética de um cuidar de si e do mundo que confronte a barbárie produzida por doenças sociais e políticas que tem tirado o ar e a vida de milhares em nosso país há pelo menos quinhentos anos, e ainda neste exato momento!

Por que surgiu o Lapee?

20/07/2020 09:54

 

Por que surgiu o Lapee?

Leandro Castro Oltramari

O Laboratório de Psicologia Escolar e Educacional (LAPEE) surgiu dos anseios da professora Denise Cord e do professor Adriano Henrique Nuernberg, que haviam participado do LAESP, Laboratório de Educação e Saúde Popular, um histórico laboratório que foi muito importante para o Departamento e que findou nos idos de 1997. Essa professora e esse professor, juntamente com outros professores, pensaram na fundação do LAPEE, como um laboratório para contribuir na formação dos estudantes de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, principalmente para ser um suporte àqueles estudantes que escolheriam a ênfase de Psicologia Escolar e Educacional, articulando assim ensino, pesquisa e extensão. Além disso, viram esse momento como fundamental para a criação de um laboratório específico para a discussão da Psicologia Escolar e Educacional e sua relação com os processos de escolarização e educativos de maneira ampla. Assim, surge, em quarenta anos de Departamento de Psicologia, um laboratório especificamente para esse fim.

Forma-se o LAPEE. À medida que os professores recém-ingressantes da Ênfase Escolar e Educacional entravam no Departamento, organicamente foi-se estruturando o laboratório. Hoje ele não está restrito apenas ao Departamento de Psicologia. Temos professores do Departamento de Educação, técnicos da UFSC, assim como professores de outras universidades. Contamos com a participação de estudantes em nível de graduação e também pós-graduação. Com isso constituímos as discussões de maneira ampliada sobre a Educação e a relação com a Psicologia, abordando desde assuntos atrelados aos processos de escolarização, aprendizagem e desenvolvimento, até debates sobre os processos educativos fora do espaço escolar.

Mas com essa diversidade de interesses e pesquisadores, o que faz o laboratório ter um corpo coeso, em suas pesquisas e projetos? Apesar da diversidade do campo de estudo e mesmo intervenção, existe neste laboratório um comprometimento ético-político com suas pautas que é sua grande bússola.

Os pesquisadores e participantes do LAPEE partem de vários princípios, sendo o primeiro deles a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Parte de premissas hoje tão castigadas pelos discursos de senso comum, como direitos humanos, o antirracismo, o anticapacitismo e a igualdade de gênero. Debate a importância dos espaços públicos como espaços educativos e da cultura como um bem que deve ser acessível a todos.

Além disso, defende a cultura de grupos considerados “minoritários”, fora daquilo que se considera “convencional” e defende esses processos culturais como dignos e importantes de serem estudados, compreendidos e valorizados. Entende e compreende as mídias como fontes importantes de educação e de constituição das subjetividades e que, por isso, merecem ser cuidadosamente estudadas em sua relação com a educação, mas não tomadas como a “panaceia” revolucionária que vai nos redimir de todos os males da educação, como muitas vezes a designam.

Defende a formação de professores como um campo fundamental de ocupação dos conhecimentos psicológicos, como uma ferramenta que dê voz à potência dos sujeitos que aprendem e que possibilite sucesso e não fracasso escolar. Que esta psicologia não fundamente as estereotipias causadas por um psicologismo que “despotencializa”, reduz e traz ainda mais sofrimento e desalento às camadas mais vulneráveis da população.

Temos por premissa, independentemente de nossas abordagens teóricas, pois são várias, um compromisso. O compromisso que temos, por sermos de um laboratório em uma universidade pública, é de produzirmos conhecimento comprometido com os princípios éticos e científicos da nossa ciência, a Psicologia. Mas, como falamos, não “qualquer” psicologia. Uma Psicologia maiúscula, crítica, que busque uma nova utopia, no sentido de perspectiva futura a tudo aquilo que já fez, propôs ou está propondo. Defendemos principalmente as ações que não tenham o “Sujeito” como um complemento, mas como o substantivo maior de nossas ações, e que essas sejam o motor necessário para a transformação do que desejamos.

Em tempos de “terraplanismos” das mais variadas ordens, sejam elas geográficas, jurídicas ou mesmo psicológicas, o LAPEE se coloca como uma voz corrente na defesa daquilo que acreditamos, dos fundamentos pelos quais lutamos e dissonante das posições totalitárias, antidemocráticas e não-científicas às quais nos contrapomos.

Defendemos que os conhecimentos deste laboratório tão diverso, mas tão comprometido com suas pautas e lutas, revelem quem somos, não apenas por nossas publicações e currículos, burocracias necessárias e pertinentes ao mundo acadêmico. Mas que revelem quem somos por nossas ações de envolvimento e comprometimento com as pautas que elegemos como prioridade pelo coletivo de nosso laboratório, sem esquecermos nunca que “Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter”, como recita Humberto Gessinger numa canção. Avante!

 

E-book: Arte e cidade, memória e experiência

16/06/2020 11:31

Publicação do E-book “Arte e cidade, memória e experiência”, com a participação de pesquisadores e professores do LAPEE!

Link para baixar o livro: “Arte e cidade, memória e experiência

Capítulo 8: “Fábio Morais e seu Formulário: arte e constituição de subjetividade na contemporaneidade” – Juliana Silva Lopes

Capítulo 14: “Museus Etnográficos Italianos: registros de memórias excluídas da história” – Neiva de Assis