#Ficaadica: Docentes do LAPEE promovem projeto de acolhimento na UFSC

19/08/2021 10:31

O Projeto Acolhe CED visa promover Atenção Psicossocial em Educação e Saúde aos(às) estudantes da UFSC. A proposta é criarmos uma roda de conversas virtuais, mediada pelos/as professores/as Marta Corrêa de Moraes (CED), Rogério Machado Rosa (CED) e Maria Fernanda Diogo (CFH).
Quem pode participar? Preferencialmente – estudantes matriculadas/os nos cursos de Licenciatura da UFSC, no curso de Psicologia e nos cursos ofertados pelo Centro de Ciências da Educação (CED/UFSC) – na Graduação e na Pós-Graduação.
Quando será o próximo encontro? Dia 26 de agosto de 2021, quinta-feira, às 19 horas.
Onde será o encontro? Durante a pandemia, nos encontraremos na sala virtual: https://meet.google.com/ysr-xfnj-ctp – Importante: só será permitida a entrada com até 15 minutos de tolerância.

Ficou com dúvida? Escreva para acolheced.ufsc@gmail.com.

Venha acolher e ser acolhido! Participe!
Att., Professores/as Marta, Rogério e Maria Fernanda

 

PRÉ-INSCRIÇÃO

11/08/2021 13:10

É com muita alegria que abrimos a pré-inscrição para a “Formação Continuada Psicologia Escolar e Educacional na Contemporaneidade”.

Público alvo: Profissionais da Psicologia que atuam em contextos educativos e de escolarização em Santa Catarina.

Serão 60 vagas distribuídas de acordo com as mesorregiões do estado.

Período do Curso: 31 de agosto a 05 de dezembro de 2021 (14 semanas).

Modalidade à distância.

Sobre a metodologia da formação e cronograma das atividades, acesse aqui: https://lapee1.paginas.ufsc.br/formacao-continuada-de-psicologasos/

PRÉ-INSCRIÇÃO ATÉ O DIA 15/08/21 (domingo) – via formulário online: https://forms.gle/RFFn8ZaQfvUsphXP8

Inscrições prorrogadas até 18/08 e agora abertas para profissionais de outros estados que atuam em contexto educativos e de escolarização!

Tags: formação continuadainterseccionalidadepsicologia escolar

O papel da escola na proteção de crianças e adolescentes

09/08/2021 11:43

Iramaia Ranai Gallerani [1]

 

A escola é um espaço que tem como objetivo o desenvolvimento de crianças e adolescentes, a partir da convivência com os pares e o compartilhamento de vivências e saberes. Nesse contexto, a realização de ações voltadas para a proteção e garantia de direitos é fundamental à construção da identidade dessa população, em meio aos processos educativos.

Quando falamos em violências, o trabalho na escola prescinde de um olhar sensível no reconhecimento de sinais e sintomas físicos ou psicológicos, que podem indicar situações de violação de direitos. Ter uma postura acessível, disponível ao diálogo e atenta àquilo que a criança ou adolescente precisa, é essencial. As relações de confiança se estabelecem justamente a partir da construção de vínculos pautados no respeito, na empatia e no acolhimento. Abertura para ouvir o outro se manifestar em liberdade sobre situações que trazem sofrimento envolve validar e reconhecer sentimentos (que muitas vezes podem ser ambíguos), assim como perceber necessidades de proteção (BRASIL, 2017).

Para que esse trabalho seja feito, as/os profissionais que atuam na escola devem se despir de crenças e ideais (de infância, adolescência, velhice, masculinidade, família, casamento, etc.) que podem ser excludentes e produtores de sofrimento, de modo a acolher a realidade que se apresenta, sem julgamentos ou imposições. Cabe, ainda, uma atitude de psicoeducação em violência, a partir da qual crianças e adolescentes conseguem identificar ações que ultrapassam limites na relação com seu corpo. Esse processo inclui discutir gênero e diversidade na escola, pois ao saber acerca dos diferentes estereótipos e papéis sociais que nos constituem, quais são os limites em relação ao seu corpo e sobre as diferentes relações, crianças e adolescentes podem se proteger de forma mais efetiva e agir de modo mais respeitoso diante das escolhas do outro e de si. Infelizmente, temos uma sociedade que possui uma estrutura que naturaliza violências e é excludente quanto às diferenças, e isso precisa mudar.

No cotidiano escolar, qualquer profissional está sujeita/o a receber uma revelação espontânea sobre uma situação de violência, por esse motivo, crianças e adolescentes precisam ter um espaço aberto de fala, ter pessoas ao seu redor que prestem atenção aos mínimos sinais de mudança comportamental e saber com quem contar em uma situação de risco. Nesse momento de revelação, nos compete a escuta e o mínimo de intervenção ao que é dito, de forma a não causar constrangimentos ou sugestionar o relato. O importante é que todos os atores desse espaço de atenção à infância e adolescência estejam devidamente qualificados para prestar seu apoio e suporte, e não incorrer em violência institucional, ou seja, não devem realizar a exposição a atos invasivos, desnecessários ou que levem à repetição da violência sofrida. O zelo pelas informações compartilhadas com as/os profissionais, a comunicação efetiva com a rede e a orientação das crianças e adolescentes sobre seus direitos, assim como a seus pais ou responsáveis, é fundamental. Vale lembrar que os sujeitos envolvidos em situação de violência devem ser incluídos nos processos decisórios que lhes dizem respeito, que seus desejos e necessidades sejam levados em conta, de maneira a fazer sentido para sua realidade.

Cabe ressaltar que ações realizadas na escola devem ultrapassar os seus muros, isto é, envolvem também as comunidades. Quando as mesmas são marcadas pela violência e opressão, uma série de fatores estão envolvidos nesse trabalho, como a identificação e análise de como as pessoas percebem as situações vividas; a forma de organização das redes de apoio afetivo e social, com foco na família, a escola e a comunidade; realização de ações que ultrapassem o âmbito individual, na compreensão do desenvolvimento humano situado social e historicamente; e um olhar apurado para as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento de crianças e adolescentes (GUZZO, 2016).

Faz-se necessário, portanto, um olhar integral do sujeito e sua realidade, o que inclui os diferentes marcadores sociais, como gênero, cor da pele, etnia, condição socioeconômica, escolaridade, região do país em que vive, orientação sexual, deficiências, entre outros que possam afetar o seu desenvolvimento ou, ainda, ser obstáculo ao acesso a direitos, tendo em vista questões estruturais como racismo, machismo e LGBTfobia.

Enquanto responsabilidades normativas, o Decreto 9.603/2018 (regulamenta a Lei nº 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência), nos indica que cabe às redes de ensino implementar programas de prevenção às violências, de forma a contribuir no enfrentamento de vulnerabilidades que possam prejudicar o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes. Além disso, diante da suspeita ou confirmação da ocorrência de violência, ou frente a revelações espontâneas de situações de violência, é imperativo que o profissional de educação realize o devido acolhimento, informe os envolvidos sobre seus direitos e formas de denúncia ao Conselho Tutelar e autoridade policial, realize os encaminhamentos que se fizerem necessários e, por fim, comunique o fato ao Conselho Tutelar. Essas são importantes ações de proteção.

Seja na escola ou quaisquer outros espaços de atenção a crianças e adolescentes, todas/os somos responsáveis pela proteção dessa população, seja no combate à violência, em ações de prevenção, na reparação de direitos ou no cuidado em relação aos danos provocados pela vivência de situações de violência.

Referências

BRASIL, Ministério dos Direitos Humanos, Secretaria Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes. Parâmetros de Escuta de Crianças e Adolescentes em Situação de Violência. Comissão Intersetorial de Enfrentamento a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. 2017. Link de Acesso: http://primeirainfancia.org.br/wp-content/uploads/2017/08/Parametros-de-Escuta.pdf

BRASIL. DECRETO Nº 9.603, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2018. Regulamenta a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Link de acesso: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2018/decreto-9603-10-dezembro-2018-787431-norma-pe.html

GUZZO, R. S. L. Risco e proteção: análise crítica de indicadores para uma intervenção preventiva na escola. In: FRANSCHINI, R.; VIANA, M. N. Psicologia Escolar: que fazer é esse? Conselho Federal de Psicologia. Brasília: CFP, 2016.

[1] Iramaia Ranai Gallerani é psicóloga (CRP-12/14108), Especialista em Psicologia Clínica, Pós-graduada em Impactos da Violência na Saúde (FIOCRUZ). Mestranda em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (UFSC), sob orientação da Profª Drª Denise Cord. Ministra cursos de qualificação sobre escuta especializada de crianças e adolescentes vítimas e testemunhas de violência, bem como de atenção a mulheres em situação de violência doméstica. Psicóloga Clínica com enfoque em violência intrafamiliar, colaboradora do Grupo Interinstitucional de Santa Catarina sobre a Escuta Protegida de Crianças e Adolescentes Vítimas e Testemunhas de Violência, e Psicóloga Assistente Técnica no Conselho Regional de Psicologia – 12a Região, junto à Comissão de Ética (COE).

 

#Ficaadica: VII Encontro Questão Indígena e Educação

02/08/2021 07:54

O Museu do Índio convida você para o VII Encontro Questão Indígena e Educação, que ocorrerá entre os dias 20 e 21 de agosto. A sétima edição do encontro terá como temática “O protagonismo indígena no contexto da pandemia”.

Contaremos com a presença de Shirley Krenak, Gersem Baniwa, Luiz Eloy Terena, Ana Lúcia Pontes, Edson Baré, Cuerrete Waritirre e Laerte Tapirapé que analisarão o contexto pandêmico e seus impactos sobre os povos originários, destacando o protagonismo indígena e as ações empreendidas no enfrentamento da Covid-19.

INSCRIÇÃO: https://forms.gle/d8RmUqQqVJtWEn349

Prevenção ao suicídio na adolescência

26/07/2021 10:15

Luiza Wille Augustin [1]

 

O suicídio é considerado um problema de saúde pública, pois, apesar de muitas vezes ficar restrito a esfera individual, ele é considerado um fenômeno social.

Durante o período da adolescência, temos observado uma tendência de aumento nas taxas de tentativas e suicídios consumados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016), no Brasil, 4,5/100.000 habitantes entre 15 a 19 anos cometeu suicídio naquele ano, tendo sido considerada a terceira causa de morte para essa faixa etária (seguida de acidente de trânsito e violência interpessoal). Além disso, segundo o mapa da violência (WAISELFISZ, 2014) está ocorrendo um aumento progressivo de suicídios entre jovens: nos anos 80 esse aumento foi de 2,7%, nos anos 90 de 18,8% e entre 2000 e 2012, foi de 33,3%.

Além disso, existe um fenômeno denominado de subnotificação. Ele ocorre ainda devido ao suicídio ser um grande tabu e muitas vezes haver erros no preenchimento de notificações de atestados de óbito, por exemplo. Portanto, acredita-se que o número de suicídios conhecidos mundialmente hoje seja pelo menos 10% maior (OMS, 2014).

Ao olhar para esses dados alarmantes e entendendo o papel preventivo que a saúde pública tem, podemos nos questionar…. Quais são as estratégias possíveis para prevenir?

Primeiramente, é necessário entender quais são os fatores de proteção e de risco para o comportamento suicida, ou seja, os recursos (pessoais ou sociais) que podem diminuir o risco de um determinado problema acontecer, nesse caso, o suicídio.

Para os adolescentes, a OMS (2000) descreveu diversos fatores e os dividiu em: familiares, personalidade e estilo cognitivo, fatores culturais e sociodemográficos, transtornos psiquiátricos e eventos de vida estressores.

Dessa forma, o planejamento de uma intervenção deve ser baseado nos fatores de proteção ou risco, em uma busca de fortalecer os primeiros ou diminuir os segundos. Algumas pesquisas têm mostrado que programas que priorizam o fortalecimento de fatores de proteção em vez de focar em fatores e comportamentos de risco, têm se mostrado mais eficazes (TAVARES, LORDELLO e MONTENEGRO, 2015).

Dentre os fatores de proteção para o comportamento suicida na adolescência, temos: bom relacionamento e apoio na família, presença de habilidades e relações sociais saudáveis, autoconfiança, habilidade para pedir ajuda quando necessário, integração social, participação ativa em grupos sociais, bom relacionamento com colegas e professores na escola e aceitação de auxílio de outras pessoas quando necessário (sejam adultos ou pares). Portanto, esses fatores serão alguns dos pontos que deverão ser focalizados ao se desenhar uma intervenção, mas não necessariamente todos eles, a depender das especificidades do público, do recurso disponível e da estratégia utilizada.

Além disso, quando pensamos em programas de prevenção para os adolescentes, temos um fator facilitador da aplicação, que são as escolas. Essas instituições são os locais aonde os jovens (ou a grande maioria deles) vai diariamente. Também é um espaço que se configura como uma referência de cuidado, de aprendizado e desenvolvimento e, as vezes, também de sofrimento.

Bom… e como funcionam os programas de prevenção?

Primeiramente, eles são divididos em três níveis: universal, seletivo e indicado. Esses níveis referem-se ao grau de risco que o público-alvo do programa apresenta.

No nível universal, o objetivo é: “Atingir toda a população em um esforço para maximizar a saúde e minimizar o risco de suicídio, removendo as barreiras ao atendimento e aumentando o acesso à ajuda, fortalecendo os processos de proteção, como o apoio social e alterando o ambiente físico” (WHO, 2014, p. 30).

Alguns exemplos de intervenções são: garantir o acesso a atendimentos em saúde mental, restringir o acesso aos meios que possam levar ao suicídio (restrição de compras de pesticidas, armas, gases ou fármacos), haver relato responsável por parte da mídia de outros casos de suicídio (sem indicar meios ou motivos para a pessoa ter realizado, por exemplo), propagar programas de conscientização, sensibilização, promoção da saúde e desenvolvimento de habilidades sociais.

Já no nível da prevenção seletiva, o foco está em grupos vulneráveis “com base em características como idade, sexo, status ocupacional ou história familiar. Embora os indivíduos possam atualmente não expressar comportamentos suicidas, eles podem estar em um nível elevado de risco biológico, psicológico ou socioeconômico” (WHO, 2014, p. 30). Ou seja, existem grupos que, a partir de dados epidemiológicos, sabemos que apresentam historicamente mais suicídios se comparados com a população geral. Dessa forma, esses programas seletivos focarão em determinados públicos considerados vulneráveis. Alguns exemplos de intervenções, são: o número de telefone do CVV (Centro de Valorização à Vida), intervenções específicas para povos indígenas/tradicionais (temos alguns bons exemplos em países como Nova Zelândia, Austrália, Canadá e EUA), projetos de posvenção (apoio à familiares e amigos de pessoas que cometeram suicídio), além de outros programas que focalizam em populações como as pessoas LGBTQIAP+, os idosos, os imigrantes e refugiados, entre outras populações em maior risco.

E por fim, a prevenção do tipo indicada tem como público-alvo: “indivíduos vulneráveis específicos dentro da população – por exemplo, aqueles que apresentam sinais precoces de potencial suicida ou que fizeram uma tentativa de suicídio” (WHO, 2014, p. 30). Como exemplos desse tipo de intervenção, temos: follow-up pós tentativa de suicídio por profissionais de saúde de hospitais que atenderam a crise suicida ou atendimentos para pessoas com sofrimentos mentais agravados em ambulatório. Ou seja, indivíduos que possuem um alto risco de comportamentos suicidas, independente de suas características culturais e sociais.

Para a população adolescente, pesquisas apontam para uma hipótese de que há maior eficácia em intervenções universais pela menor resistência dos jovens em participar de intervenções que incluam todos os estudantes (WASSERMAN et al, 2015).

Concluindo, o suicídio ainda é um grande tabu da nossa sociedade, entretanto, não falar sobre ele ou não pensar em formas de preveni-lo não fará com que ele desapareça, pelo contrário, fará com que ele se intensifique.

Há dados alarmantes sobre comportamentos suicidas e também estão descritas inúmeras possibilidades de prevenção (como você pode ver nesse texto). Essas estratégias estão sendo testadas e avaliadas, para compreender a eficácia e buscar a melhor forma de prevenção. Para que esse campo de estudo e atuação cresça, é necessária uma mobilização para que tais intervenções sejam colocadas em prática e fortalecidas como políticas públicas.

Referências

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Prevenção do suicídio: Manual para professores e educadores. 2000.

TAVARES, Marcelo. LORDELLO, Silvia Renata. MONTENEGRO, Beatriz. Estratégias preventivas do suicídio com adolescentes nas escolas. In: MURTA, S. G. et al. Prevenção e promoção em saúde mental: fundamentos, planejamento e Estratégias de intervenção. Novo Hamburgo: Sinopsys. 2015.

WASSERMAN, Danuta et al. School-based suicide prevention programmes: the SEYLE cluster-randomised, controlled trial. The Lancet, v. 385, n. 9977, p. 1536- 1544, 2015.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Suicide rate estimates, crude, 5-year age groups up to 29 years Estimates by country. Acesso em 21 de maio 2020: https://apps.who.int/gho/data/node.main.MHSUICIDE5YEARAGEGROUPS?lang= en

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Adolescent development. Acesso em 08 de julho de 2020: https://www.who.int/maternal_child_adolescent/topics/adolescence/development

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência 2014: homicídios e juventude no Brasil. 2014.

[1] Luiza é psicóloga, graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestranda em saúde mental e atenção psicossocial pela mesma universidade, sob a orientação da professora Dra. Denise Cord. Em sua pesquisa, estuda programas de prevenção ao suicídio na adolescência em contexto escolar. Além disso, atua como psicóloga clínica na cidade de Jaraguá do Sul/SC.

Docentes do LAPEE promovem projeto de acolhimento na UFSC

19/07/2021 09:09

O Projeto Acolhe CED visa promover Atenção Psicossocial em Educação e Saúde aos(às) estudantes da UFSC. Nosso primeiro encontro será guiado pela seguinte pergunta “Como está a sua travessia da pandemia?”. A proposta é criarmos uma roda de conversas virtuais, mediada pelos/as professores/as Marta Corrêa de Moraes (CED), Rogério Machado Rosa (CED) e Maria Fernanda Diogo (CFH).
Quem pode participar? Estudantes matriculadas/os nos cursos de Licenciatura da UFSC, no curso de Psicologia e nos cursos ofertados pelo Centro de Ciências da Educação (CED/UFSC) – na Graduação e na Pós-Graduação.
Quando será o primeiro encontro? Dia 22 de julho de 2021, quinta-feira, às 19 horas.
Onde será o encontro? Durante a pandemia, nos encontraremos na sala virtual: https://meet.google.com/ysr-xfnj-ctp. Importante: só será permitida a entrada com até 15 minutos de tolerância.
Ficou com dúvida? Escreva para acolheced.ufsc@gmail.com.

Venha acolher e ser acolhido! Participe!

 

Uma incursão pela dimensão ético-política do pesquisar em psicologia

12/07/2021 09:33

Charles Augusto Christ [1]

Eu estou à espera, e não sei muito bem do quê. Talvez de que as aulas voltem presencialmente, eu possa entrar numa sala de aula com as janelas abertas e lá reencontrar meus amigos e colegas em plena sanidade mental. De que as aulas voltem e eu possa esbarrar ocasionalmente nas pessoas pelos corredores com um sorriso que não vai mais ficar escondido atrás de uma câmera fechada, e quem dera mesmo com um abraço! De que as aulas voltem e eu possa caminhar até a universidade sem sentir que as ruas estão infectadas com o escracho dos fascistas. De que as aulas voltem e eu possa seguir meus planos e dar continuidade aos projetos de pesquisa com os quais estou envolvido. De que as aulas voltem e as entrevistas da pesquisa possam ser feitas presencialmente, sentindo o calor humano, trocando afetos e conhecimentos, partilhando, somando, aprendendo e ensinando. De que as aulas voltem? De que possamos voltar?

Fazer uma pesquisa em modalidade remota é algo novo para mim, assim como a própria pandemia, mas tanto uma como a outra podem ser tomadas na sua dimensão positiva, ou seja, em relação ao que elas podem revelar sobre a realidade. Assim sendo, parece-me que a tragédia da pandemia de Covid-19 nos traz, entre sofrimentos e tristezas pelos mais de meio milhão de mortos, um alerta em relação ao que é realmente importante: a defesa da vida, a saúde, a segurança e educação dos povos, o desenvolvimento tecnológico colocado a serviço da humanidade e não contra ela. A pesquisa, por sua vez, tem uma implicação fundamental para que isso ocorra.

A pesquisa na área psicológica deve estar calcada em uma dimensão ético-política. Ela deve buscar construir mapas afetivos, onde as possibilidades de afetar e ser afetado aumentem: uma prática dos encontros, das composições, do estar junto na luta e em luta. A pesquisa acadêmica caracteriza-se pelo diálogo estabelecido com a realidade circundante e com a própria ciência psicológica. Nesse sentido, se há compromisso com a ciência e seu desenvolvimento, toda e qualquer pesquisa em psicologia responde também a implicações econômicas, sociais e políticas. No meu próprio pesquisar, aprendi que a pesquisa se constitui nessa complexa e intrincada rede de relações, na qual as regularidades são escassas e as diferenças predominam. Não há receita de bolo, nem script pré-definido, mas há sempre um comprometimento com uma visão de mundo que se pretende construir.

Para que as diferenças possam ser ouvidas no processo de pesquisar e, porque não, no processo de ser psicólogo, faz-se necessário fugir dos discursos normatizadores que engendram direções unívocas para a realidade e a existência concreta, o que possibilita “ir além do aparente e considerar tanto as condições subjetivas quanto as contextuais e históricas” no processo de constituição dos sujeitos (AGUIAR; OZELLA, 2013, p. 310). Assim, teremos a compreensão de um sujeito situado numa relação dialética com o social e com a história, tornando-o, concomitantemente, particular e universal.

Através do exercício da pesquisa, vislumbrei novas possibilidades para meu fazer enquanto psicólogo. Aprendi que uma das características fundamentais para a humanização da psicologia é superar o existente e se lançar em direção ao devir, fazendo emergir novas relações que não mais estejam atreladas ao utilitarismo e à impessoalidade impostos pelo sistema capitalista.

Nesse sentido, tanto para a prática de investigação científica quanto para o fazer profissional do psicólogo, coloca-se a superação desse paradigma teórico-epistemológico: avançar do empírico para o interpretativo (AGUIAR; OZELLA, 2013). É preciso (re)aprender a olhar, a admirar e, principalmente, a perguntar, a questionar e a problematizar. A pesquisa, por isso, é criação. Ela é capaz de (re)modelar sujeitos, conhecimentos e a própria realidade. Nesse período de formação, entre os PPOs [Prática e Pesquisa Orientadas] e o PIBIC [Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica], eu me modifiquei muito, assim como as pessoas com as quais trabalhei, no processo de produção de conhecimentos, também devem ter se modificado. Como atividade criadora, a pesquisa nos faz repensar nosso lugar no mundo para, então, transformá-lo. Produz novos sentidos a partir de relações entre sujeitos, onde tais sujeitos, entendidos à luz do enfoque histórico-cultural em psicologia, são mutuamente constitutivos.

Tento demonstrar aqui o quanto a pesquisa é alicerce fundamental para a prática profissional da psicologia, uma vez que levantar questões, coletar dados, preparar intervenções, fazer análises, etc. são conjuntos de atividades que constroem um verdadeiro profissional. Tais atividades engendram um movimento, o qual coloca em relação a teoria, a prática e a realidade concreta. Assim, os psicólogos, quando formados dentro desse movimento, são capazes de recriá-lo e reorganizá-lo de acordo com as reais necessidades, ao invés de se conformar com as teorias já elaboradas.

Por fim, posso afirmar que não há prática profissional sem pesquisa. Esses fazeres se encontram um no corpo do outro. O pesquisar não é uma forma de ser ou de atuar do psicólogo, mas sim constitui-se como uma característica inerente ao exercício profissional. É necessário que, em sua formação contínua, o psicólogo se perceba e se assuma enquanto psicólogo porque antes é pesquisador.

Embora à distância, a pesquisa me gerou elucubrações que permitiram que eu tivesse acesso a uma práxis profissional. Freire (1979) aponta que o diálogo com a realidade só ocorre na práxis. Assim, tal diálogo, fomentado por uma formação pautada em atividades práticas e de pesquisa, pode vir a ser “o parto que traz ao mundo este homem novo não mais opressor; não mais oprimido, mas homem libertando-se” (FREIRE, 1979, p. 25).

Continuarei à espera, sem saber muito bem do quê. Talvez a prática formadora do exercício de pesquisa, a qual possui natureza eminentemente ética, coloque-me agora em movimento no intuito de intervir sobre o que é possível e tentar fazer com que as coisas melhorem. Passar da passividade à atividade através de um saber-fazer ético-político que instigue a emancipação humana, e que permita que, dentro de pouco tempo, possamos nos abraçar livremente mais uma vez!

[1] Charles Augusto Christi é graduando do curso de psicologia e bolsista de PIBIC, atuando na pesquisa: “O ensino de psicologia nas licenciaturas: formação docente e práxis pedagógica”.

 

Referências

AGUIAR, Wanda Maria Junqueira de; OZELLA, Sergio. Apreensão dos sentidos: aprimorando a proposta dos núcleos de significação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 94, n. 236, p. 299-322, 2013.

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

#Ficaadica: Seminário Regional de Educação

08/07/2021 14:05

Divulgamos o SEMINÁRIO REGIONAL DE EDUCAÇÃO, que debaterá os impactos da pandemia nas políticas educacionais de SC. O seminário ocorrerá nos dias 12 e 13 de Julho, no formato online. A programação completa pode ser acessada em:
https://seminariosregionaissc.ufsc.br.
O LAPEE será representado no evento pela professora Maria Fernanda Diogo, que terá uma fala na mesa-redonda “o presente e o futuro da educação pública catarinense em tempos de Covid-19”.
Inscrições gratuitas no site: http://inscricoes.ufsc.br/sem-regionais-grande-florianopolis. Haverá certificação para os inscritos/as.

#SantaCatarina #UFSC #Ficaadica #LaPEE #LaPEEUFSC

#Ficaadica: coletânea “Violência na escola”

05/07/2021 09:55

A dica desta semana do Laboratório de Psicologia Escolar e Educacional (LAPEE) é o e-book: “Violência na escola: enfrentamentos à luz da psicologia histórico-cultural”, coletânea organizada pelas professoras Sonia Mari Shima Barroco (UEM/UNIR), Graziela Lucchesi Rosa da Silva (UFPR) e Iracema Neno Cecilio Tada (UNIR), publicado pela editora da Universidade Federal de Rondônia (EDUFRO). A obra conta com 11 capítulos de autores vinculados a diferentes instituições.

Disponível gratuitamente no site:

https://edufro.unir.br/…/2Violencia%20na%20escola.pdf

III Jornada de Psicologia Escolar e Educacional

05/07/2021 09:43

Neste ano, o LAPEE comemora 10 anos!

Celebrando este momento, realizamos nos dias 29 e 30 de junho a III Jornada de Psicologia Escolar e Educacional, com a temática “atuação da psicologia em contextos educativos e de escolarização: desafios e percursos”.

Com 727 inscritos/as/es, a terceira edição da Jornada  ocorreu em formato online devido a necessidade de afastamento social para conter a pandemia de Covid-19. Foram dois dias de debates aquecidos e bem estruturados, envolvendo pessoas de diversas partes do país.

As mesas de abertura e fechamento foram transmitidas pelo YouTube e pode ser acessado em nosso canal:

https://www.youtube.com/channel/UCUMQLca_Ks7bjzAb9r_C7eA