Caleidoscópio Psi | Fake News na/da pandemia de Covid-19

19/04/2021 10:10

Vídeo novo postado do canal do Lapee!

Com base em pesquisa realizada pelo NUGEMS, o novo vídeo do Caleidoscópio Psi debate uma verdadeira “epidemia” da contemporaneidade, as Fake News: o que são, como se disseminam e como atravancam ações eficazes ao combate do Covid-19.

Assistam, curtam o canal e ativem o sininho para receberem notificações! Link: https://www.youtube.com/watch?v=LYh9sFEsSK0

#caleidoscópiopsi #LaPEE #LapeeUFSC #NUGEMS

#Ficaadica: Método de pesquisa em Vigotski: uma leitura Marxista

12/04/2021 12:55

 

Divulgamos a live “Método de pesquisa em Vigotski: uma leitura Marxista”. O evento online é destinado a debater o problema do método e da metodologia de pesquisa na obra de L. S. Vigotski e terá como debatedor Eduardo Moura da Costa.  Quando? 14 de abr, às 19:30 Onde? https://fb.me/e/IvuAVMdz.  #Ficaadica #LaPEE #LapeeUFSC

Vídeo de apresentação do Caleidoscópio Psi disponível no Canal do YouTube do LAPEE

08/04/2021 08:46

Nosso canal tem novidades!

Apresentamos para vocês o Caleidoscópio Psi, que tem como objetivo a divulgação científica das produções científico-culturais de dois laboratórios, o LAPPE e o NUGEMS de forma acessível à população em geral, tendo as mídias digitais como principal suporte. O vídeo de apresentação deste projeto está no link:

https://youtu.be/9pNhqDSeZaw.

Avisaremos no site e em nossas redes sociais quando novos vídeos forem postados. Assistam, curtam o canal e ativem o sininho para receberem notificações! #caleidoscópiopsi #LaPEE #LapeeUFSC

Licenciatura em Psicologia: notas sobre a face educativa da nossa profissão

05/04/2021 21:22

Marta Corrêa de Moraes

 

A “leitura da quinzena” tem trazido contribuições importantes para pensarmos o tempo presente e, com isso, linhas de força que amarram um esperançar coletivo. “De parágrafo em parágrafo, aquilo que parecia alheio começa a existir em mim, como se fosse possível habitar um corpo que não é meu, um corpo diferente do meu, uma voz incógnita” (SKLIAR, 2014, p. 62). Como professora do curso de Licenciatura em Psicologia da UFSC, tenho insistido na dimensão educativa da nossa profissão e nas contribuições que a docência em Psicologia pode dar para os contextos educativos e de escolarização, notadamente neste tempo marcado por uma grave crise política e sanitária.

Apesar de muitas vezes negligenciado nos cursos de formação de Psicólogos/as, “o ensino é também, historicamente, um dos fortes referenciais de inserção da Psicologia na Educação” (SOLIGO e AZZI, 2008, p.64). Ademais, é preciso lembrar que entre rupturas e descontinuidades, a Psicologia ainda mantém presença na formação do magistério, no Ensino Técnico e no Profissionalizante, por exemplo. Contudo, se considerarmos o regular ou propedêutico, a pergunta de Barros (2007, p. 2007, p. 33) parece profundamente atual: “se o saber psicológico não compõe os projetos de educação básica e os/as próprios/as psicólogos/as não dão importância ao fato, o que isso significa? Para qual educação a psicologia seria relevante?”.

Pergunta insistente, que nos leva a examinar os conhecimentos acumulados pela nossa ciência e profissão e que podem, sim, no encontro com as infâncias e juventudes, provocar diálogos e reflexões pertinentes. Temas como direitos humanos, preconceitos, violências, racismo, processos de desenvolvimento-aprendizagem e medicalização da vida também figuram como contribuições importantes da nossa área. Mas, mais do que apresentar um conjunto de conhecimentos oriundos da ciência psicológica, urge indagar sobre quais saberes contribuem para o processo de reflexão dos/as jovens, bem como para produção de resistências, estesias e conhecimentos outros, dentro e fora das escolas.

Infelizmente a licenciatura em Psicologia tem sido preterida pelos/as estudantes ao longo da graduação. Muitas vezes isso ocorre por não ser a licenciatura uma proposta integrada à formação de psicólogas/os e por não (re)conhecerem o amplo espectro de atuações possíveis, a saber: “na construção de políticas públicas de educação, na educação básica, no nível médio, […] na educação continuada, em contextos de educação informal […], entre outros” (BRASIL, 2011, p. 05). Além disso, podemos considerar sua importância para muito além dos contextos anteriormente citados, pois os eixos que estruturam a formação de professores/as de Psicologia, no Projeto Complementar destinado a esses/as profissionais, parecem igualmente relevantes para qualquer área que a nossa atuação puder alcançar.

Somado a isso, não podemos esquecer que a oferta da Licenciatura em Psicologia é obrigatória[1] para as Instituições de Ensino Superior (IES). É uma escolha possível para o/a estudante, que pode cursá-la ou não. No entanto, desrespeita-se a legislação, muitas vezes, com o argumento de que as demandas do mercado não justificariam os investimentos nesta face da formação. Com isso, alijamos os/as graduandos/as do direito a um espaço formativo capaz de produzir articulações entre as dimensões política, cultural e histórica das questões educacionais e o exercício da docência em diferentes contextos. Conexões indispensáveis para a sólida formação pedagógica dos/as licenciandos/as e para uma docência atenta e comprometida com todas/os aqueles/as que há muito tempo vivem “ao sul da quarentena” (SANTOS, 2020).

Docência que continua a nos impor perguntas. Afinal, como nós, docentes e estudantes, temos nos apropriado da Licenciatura em Psicologia? Qual lugar ela tem ocupado nos nossos cursos de graduação? Têm, os/as licenciados/as de Psicologia, assumido o seu “ofício de professor/a” (LARROSA, 2018) e produzido sua docência a partir do envolvimento com a equipe escolar, as políticas públicas de educação e as tantas dificuldades que a escola apresenta? A divulgação e o debate acerca da licenciatura em Psicologia têm sido feita desde o início da formação, considerando sua contribuição para a atuação da/o psicóloga/o? Como o Sistema Conselhos e a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) podem ajudar nessa discussão?  Quais rumos a licenciatura em Psicologia irá tomar?

O Art. 13 das DCNs para os Cursos de Graduação em Psicologia (BRASIL, 2011) – em que pese a aprovação, em 2019, da Revisão destas mesmas DCNs pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), Parecer 1071/2019, o qual aguarda homologação do MEC – indica que a Formação de Professores/as de Psicologia deve se dar em conformidade com a legislação que regulamenta a formação de professores/as no País. Estamos, pois, diante de um novo desafio para formação docente, qual seja: a entrada em vigor da Resolução que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial em Nível Superior de Professores/as para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC – Formação); a qual deve ser implementada em todas as modalidades dos cursos e programas destinados à formação docente (BRASIL, 2019).

Tal Resolução passou a valer na data da sua publicação (dez. 2019), ficando revogada a anterior, CNE/CP nº 2, de 1º de julho de 2015. O Art. 27 do referido documento fixa, ainda, o prazo limite de até 2 (dois) anos, a partir da data de sua publicação, para a sua implantação, por parte das IES. São discussões necessárias e urgentes que estão postas em jogo e a Psicologia não pode/deve se furtar a elas, sobretudo se entendermos, como bem nos ensinam Wiggers e Souza (2018), que a compreensão do projeto que se delineia para Educação em nosso país nos convoca e habilita a entrar em um campo que está em disputa.

* Agradeço a leitura atenta e cuidadosa de Apoliana Regina Groff, Rogério Machado Rosa e Maria Fernanda Diogo

Referências

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP n. 2/2015, de 1º de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Brasília, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, seção 1, n. 124, p. 8-12, 02 de jul. de 2015.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução n. 2/2019, de 20 de dezembro de 2019. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). Brasília, DF: 2019.

BRASIL. Resolução nº 5 de 15 de março de 2011. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, estabelecendo normas para o projeto pedagógico complementar para a Formação de Professores de Psicologia. DOU 16/03/2011 – p. 19 – Seção 1- Diário Oficial da União, Brasília, df:2011.

BARROS, Carlos César. Reflexões sobre a formação de professores de Psicologia. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 15, n. 1, p. 33-39, jun.  2007.   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2007000100005>. Acesso em 03 abr.  2021.

LARROSA, Jorge. Esperando não se sabe o quê: sobre o oficio de professor. Tradução Cristina Antunes. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018.

RODRIGUES, L. Z.; PEREIRA, B.; MOHR, A. O Documento “Proposta para Base Nacional Comum da Formação de Professores da Educação Básica” (BNCFP): Dez Razões para Temer e Contestar a BNCFP. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, 20(u), 1–39. 2020. Disponível em < https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/16205> Acesso em 02 abr. 2021.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra, PT: Almedina, 2020.

SKLIAR, Carlos. O ensinar enquanto travessia: linguagens, leituras, escritas e alteridades para uma poética da educação. Trad. Adail Sobral [et. al.]. Salvador: EDUFBA, 2014.

SOLIGO, A. F.; AZZI, R. G. A psicologia no Ensino médio. IN: Ano da Psicologia na Educação. Cadernos de Textos. Eixo 4. Brasília, Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais de Psicologia, 2008.

WIGGERS, Eliz Marine; SOUZA, Simone Vieira de. Licenciatura em Psicologia: reflexões sobre a atuação profissional. IN: CARVALHO, D. C. de; CORD, Denise; SGANDERLA, Ana Paola (Org.). Experiências docentes em psicologia: em foco o PIBID. Florianópolis: NUP/CED/UFSC, Conselho Regional de Psicologia, 2018.

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[1] “As atividades referentes à Formação de Professores, a serem assimiladas e adquiridas por meio da complementação ao curso de Psicologia, serão oferecidas a todos os alunos dos cursos de graduação em Psicologia, que poderão optar ou não por sua realização” (BRASIL, 2011, p. 06).

#Ficaadica: evento do Instituto Memória e Direitos Humanos e Laboratório Interdisciplinar de Ensino de Filosofia e Sociologia (SED-SC e UFSC)

05/04/2021 13:55

Divulgamos evento organizado pelo Instituto Memória e Direitos Humanos e Laboratório Interdisciplinar de Ensino de Filosofia e Sociologia (SED-SC e UFSC). As mesas podem ser acessadas no canal do YouTube do IMDH: https://bit.ly/YouTubeIMDH #Ficaadica #LaPEE #LapeeUFSC

Mesa 1: Educação em Santa Catarina em tempos de pandemia: saúde e formação docente

Data: 7/4 16h quarta
Moderadora: Simone Vieira de Souza IMDH e CED-UFSC
Convidadas: Carolina Puerto (Professora EEB Padre Anchieta e EEB Simão Hess e doutoranda CED-UFSC), Joana Célia dos Passos (CED-UFSC), Sofia V. Andrade (graduanda CFH-UFSC)

Mesa 2: Educação em Santa Catarina em tempos de pandemia: desafios e perspectivas na educação de jovens e adultos

Data: 15/4 16h quinta
Moderador: Sandor Bringmann IMDH e CED-UFSC
Convidades: Antonio Chedid Neto (Educação de Jovens e Adultos Florianópolis), Luísa Bonetti Scirea (Centro de Educação de Jovens e Adultos SC), Célia Regina Vendramini (CED-UFSC)

 

Minicurso “Violência e Escola: uma perspectiva interseccional”

01/04/2021 17:21

O minicurso “Violência e Escola: uma perspectiva interseccional” está com inscrições abertas no site do LAPEE.

O curso tem como público alvo estudantes dos cursos de magistério e/ou dos cursos de licenciatura da UFSC.

Serão 4 encontros: 14/04, 21/04, 28/04 e 05/05.

A formação surgiu da necessidade de se fomentar diálogos e reflexões acerca das violências produzidas na e pela escola. Nossa intenção é contribuir com a formação de futuros profissionais da educação, para que busquem por intervenções pautadas na ética do cuidado e na recusa às violências.

O curso é online, gratuito e com emissão de certificado pela UFSC!

Este projeto está vinculado ao estágio de docência em psicologia e ao projeto de extensão “Formação continuada para profissionais que atuam em contextos educativos e de escolarização em Santa Catarina”. O referido Projeto configura-se como uma parceria entre o Laboratório de Psicologia Escolar e Educacional (LAPEE- CFH/PSI) e o Núcleo Vida e Cuidado: Estudos e Pesquisas sobre Violências (NUVIC – CED/UFSC).

LINK PARA INSCRIÇÃO: Inscrição para o minicurso: Violência e Escola: uma perspectiva interseccional (google.com)

Minicurso: Gravidez na adolescência e educação básica: Faces de um (des)encontro

30/03/2021 09:50

O Laboratório de Psicologia Escolar e Educacional (LAPEE) e o Núcleo Vida e Cuidado: Estudos e Pesquisas sobre Violências (NUVIC), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), divulgam minicurso vinculado ao estágio de docência da licenciatura em psicologia/UFSC e ao Projeto de Extensão “Formação continuada de profissionais que atuam em contextos educativos e de escolarização em Santa Catarina”.

O minicurso em questão possui como tema: “Gravidez na adolescência e educação básica: faces de um (des)encontro” e acontecerá em quatro encontros na segunda-feira a noite, nos dias: 12/04, 19/04, 26/04 e 03/05 das 19h às 21h. 
Será totalmente online e gratuito, tendo como público-alvo estudantes das últimas fases dos cursos de licenciatura da UFSC. A iniciativa tem como objetivo promover, a partir de aulas síncronas e atividades assíncronas, reflexões sobre questões que permeiam a gravidez e a parentalidade na adolescência e seus atravessamentos com a educação básica. O curso possui como características principais as perspectivas sócio-histórica e interseccional da parentalidade, e contribuições da psicologia perinatal para compreensão dos fenômenos psíquicos envolvidos durante o ciclo gravídico-puerperal.

Para participar preencha o formulário abaixo e aguarde sua confirmação de inscrição após o preenchimento obrigatório do questionário de boas-vindas.  

Link para formulário: https://forms.gle/MNc6nMCpeU44qeW76

E-mail para contato: biancaviana.psi@gmail.com; emedefarias@gmail.com

Venha fazer parte dessa jornada de encontros e reencontros!
Aguardamos você.

#Ficaadica: e-book “365 dias com Paulo Freire”

29/03/2021 14:39

Divulgamos o E-book “365 dias com Paulo Freire”, organizado por Ivo Dickmann e Ivanio Dickmann. A obra representa uma longa caminhada de observação e desvelamento na obra freiriana. Possuindo 690 páginas, foram escolhidas doze obras de Freire para serem comentadas por estudiosos/as do autor, uma para cada mês do ano, seguindo a ordem cronológica da data de sua publicação. Para o mês de abril, a obra escolhida foi “Ação cultural para a liberdade”. O E-book pode ser baixado gratuitamente em http://e-books.contato.site/365dcpf. Vale a pena conferir!
#Ficaadica #LaPEE #LapeeUFSC

Live “Covid-19, antropoceno e Capitalismo”

24/03/2021 09:13

Divulgamos uma atividade preparatória para o XI Simpósio da Associação Brasileira de Psicologia Política, que ocorrerá virtualmente em agosto de 2021. O Lapee é parceiro na organização deste evento. Para “esquentar” os debates, o Simpósio programou diversas lives no canal do YouTube da SBPP. A live “Covid-19, antropoceno e Capitalismo” ocorrerá no dia 26/03 às 14:30, tendo como palestrantes Jean Segata (UFRGS) e Leandra Gonçalves (USP). link de acesso: https://www.youtube.com/channel/UCc3BE-KOT6nt8L4aXDq0PLQ.

#Ficaadica #LaPEE #LapeeUFSC

Agonia do Eros Docente

22/03/2021 09:41

Rogério Machado Rosa

Sou professor antes mesmo de ser psicólogo. Ainda na metade da graduação, fui contratado para dar aulas de Psicologia da Educação em um Curso de Magistério, na Rede Estadual. Ali trabalhei por 6 anos. Fui contagiado por “Eros Pedagógikos” (GALLO, 1998), me apaixonei. Daí recorri à licenciatura em Psicologia, algo que eu não vislumbrava no início do curso. Depois veio o mestrado em Educação e, com ele, um voo com aterrissagem na docência do Ensino Superior. Em seguida ingressei no doutorado, também em Educação. Paralelamente e posteriormente a ele, permaneci exercendo o ofício de professor, bem como o de Psicólogo Escolar e Educacional.

Sinto haver uma linha feiticeira, dançarina e/ou artística (CORAZZA, 2006) transversalizando minha trajetória de professor. Ela parece funcionar como representante do meu conatus, quer dizer, a capacidade de “cada coisa esforça-se, tanto quanto está em si, por perseverar no seu ser” (ESPINOSA, 2013, p. 77). Essa capacidade de perseveração resulta na forma atual do ser, reitera o autor. Resulta no meu conatus docente, neste caso. E foi ela quem trouxe para o meu “corpo docente” o encantamento dos apaixonados, o fulgor criativo das crianças e a esperança colorida pelas manhãs de sol, chuva e frio.

Hoje sou um professor que se dedica, principalmente, à formação de professores/as. No exercício diário da docência, busco construir, cultivar e propagar esse espírito/conatus tramado pela força da linguagem ética, política, poética, afetiva, literária… Ele tem sido fundamental no enfrentamento dos desafios e na assunção das responsabilidades que a ocupação desse lugar requer. É ânimo para a construção de uma vida docente bela. Embora eu sinta que cada vez mais é fulcral perguntar pelo que pode aumentar ou diminuir a potência do meu/nosso conatus docente, sobre o que traz para o meu/nosso corpo/ser docente alegria e saúde ou tristeza e adoecimento.

Quando comecei revirar o material/memória para escrever esse ensaio, constatei que em breve fará um ano que estou sem viver a docência presencial, na sala de aula física. Senti saudades da sensação de frescor e da alegria típicos dos encontros com as/os estudantes. Percebi o meu espírito/conatus docente, tão frequentemente enfeitiçado e feiticeiro, um tanto embotado, rebaixado. Entre a sensação de esvaziamento de sentidos e a luta para produzi-los, percebo que estou experimentando na carne a agonia do “Eros Docente”. Inquieto, me perguntei: será que estou cansado de conversar com as/os estudantes diante de uma tela? Estou cansado de às vezes parecer simplesmente conversar com a tela? E tem ainda a atual gestão necropolítica da pandemia. O que ela me causa? Como tudo isso me/nos afeta e diminui a minha/nossa capacidade de pensar/viver a docência?

Sabe-se que o distanciamento social é soberano nesse momento. Ele salva vidas! Mas onde buscar alegria para o meu/nosso conatus docente nessa época tão eivada de paradoxos? Como mantê-lo vibrante e enfeitiçado pela força da vida quando sou/somos ameaçados pelas deliberadas políticas de morte? Como não me ressentir nos momentos em que as violências políticas, institucionais e sociais me atravessam e me fazem experimentar certa sensação de impotência?

Gostaria de ter respostas objetivas e práticas para essas perguntas, mas não tenho. Isso é perturbador. Sei, entretanto, que elas são indispensáveis para o exercício (auto)reflexivo sobre o tempo presente, pois a mim funcionam como instrumento mobilizador da análise crítica das distopias que nos afligem. São perguntas que também intensificam minha conexão com as/os colegas professores/as, tanto do Ensino Superior quanto da Educação Básica. Isso as faz insistentemente reaparecerem e ecoarem no meu corpo docente. E seguem: a sensação de fastio diante da tela seria uma experiência comum entre as/os colegas professoras/os? Como anda a saúde mental, social, física e pedagógica das/os colegas de profissão? Temos encontrado tempo e espaço para cuidar do espírito/conatus arteiro e criador inerente ao nosso ofício? Quem está cuidando do/a professor/a? E as suas utopias pedagógicas e existenciais, em que frequência pulsam?

Se por um lado os imponderáveis da pandemia da Covid-19 têm me/nos logrado a possibilidade de viver o ensino presencial, por outro lado a docência no formato remoto, com toda a sua complexidade e controvérsias, se tornou uma saída (oxalá transitória). Mas é fato que recorremos a ela para não abandonarmos nossos/as estudantes aos seus próprios recursos, para salvarmos vidas, conforme nos ensina Hannah Arendt (2002). Isso não significa, evidentemente, a partilha da convicção de que este é o melhor caminho, mas talvez seja e expresse o melhor das minhas/nossas possibilidades até aqui. Talvez seja a expressão do meu/nosso conatus docente se esforçando, duelando, para perseverar sua existência, para expandir e afirmar a vida. Raciocinando/sentindo assim, encontro uma razão legítima para me alegrar. E a alegria é um bem social, é ato político revolucionário no enfrentamento à política de tristeza fascista.

O olhar atento para as variações do meu conatus docente se transformou em uma questão pungente. Parece dizer de um “nós”? Dizem de um coletivo docente com seus respectivos conatus mais rebaixados do que altivos na contemporaneidade?  Foi assim que na escritura desse ensaio, a opção pela metodologia da escrita (auto)biográfica assumiu um contorno fundamentalmente ético-estético-político. Já que esse modo de pensar/sentir/escrever articula “as dimensões individuais aos fenômenos de caráter mais amplo” (CAETANO, 2016, p. 33); e assim potencializa a criação e a recriação das tramas constitutivas das nossas identidades individuais e coletivas. Trata-se, portanto, de uma relação de criação em que os valores estão voltados para a alteridade e para a produção dos nossos territórios existenciais. Perspectiva esta nomeada por Guattari (1992) de ético-estética-política.

  A partilha de excertos narrativos (auto)biográficos relativos às minhas experiências de professor/psicólogo, com ênfase nos (des)encantamentos no tempo histórico presente, constitui-se como uma oportuna estratégia no combate às formas fascistas de vida que me/nos assombram. Apresenta-se como uma espécie de exercício público de reflexão filosófica, ética, política e pedagógica, já que guarda profunda relação com a narrativa da minha/nossa formação humana na pólis. Diz, por fim, de um movimento pelo qual busco/buscamos me/nos libertar, “com esforços, hesitações, sonhos, ilusões daquilo que quer passar por verdadeiro ao desejo” (FOUCAULT, 2001, p. 86).

Mas se “o desejo uma vez criado, não conhece sono nem trégua nenhuma” (VALÉRY, 2005, p. 43), ele pode me/nos insuflar de alegrias crítico-criativas que inspirem a invenção coletiva de outros espaços e tempos pedagógico/existenciais: mais encantados, mais feiticeiros e mais apaixonados, assim como nos ensinam as crianças. Então a minha/nossa luta buscará manter viva a paixão típica dos começos, para continuarmos afirmando a vida na e pela docência. Pois afinal, como já nos advertiu Foucault (2010, p. 4), “não é preciso ser triste para ser um/a militante” professor/a.

REFERÊNCIAS

CORAZZA, Sandra Mara. Artistagens: filosofia da diferença e educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

CAETANO, Marcio. Performatividades reguladas: heteronormatividade, narrativas biográficas e educação. Curitiba: Appris, 2016.

ESPINOSA, Baruch. Ética. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica. 2013.

FOUCAULT, M. “Prefácio (Anti Édipo: introdução à vida não-facista)”. In: MOTTA, Manoel Barros de (org). Repensar a Política / Ditos e Escritos VI. Tradução de Ana Lúcia Paranhos Pessoa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

GALLO, Sílvio Donizete. Eros Pedagógikos: em torno de uma erótica didática. Libertárias, São Paulo: imaginário, n. 3, p. 53-56, set. 1998.

GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo: Ed. 34, 1992.

VALÉRY, Paul. A alma e a dança e outros diálogos. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2005.